quarta-feira, 21 de julho de 2010

Fases

Quando nasci era a primeira neta dos meus avós maternos e paternos, eles já tinham outros dois netos, mas eu fui a primeira menina. Me tornei a bonequinha da casa, e o físico ajudava, imaginem um neném loiríssimo e com bochechas enormes e rosadas.

Aos 2 anos me tornei a irmã generosa, não porque eu seja muito boa, mas porque minha irmã é peculiarmente folgada e desde de muito pequena sabia irritar, portanto a fim de manter a paz em casa me submeti à algumas (várias) de suas vontades.

Aos 8 anos abdiquei ao titulo de boneca e passei a ser uma menina-macho karateca e bem brava, sabe daquele tipo de menina que socava os meninos e ganhava?
Essa fase se estendeu por muito tempo e foi adicionada de um período meio "dark" com direito a cara de morta e tudo.

Aos 15 anos o primeiro namorado, bem no meio da turbulência karateca-dark, aprendi algumas coisas em dez meses de namoro, mas nada que mudasse minha personalidade.

Aos 16 (um mes depois do fim do primeiro namoro) o segundo namorado, já fora do karatê e superando a fase dark, e foi ao longo desse um ano e e oito meses que eu aprendi muitas coisas, algumas com o proprio namorado, mas a maioria com a turma de amigos dele.
Em resumo a lição foi: "Pare de confiar em todas as pessoas sua anta."

Na fase pré-vestibular estava solteira, triste com dez quilos adicionais. Queria tanto entrar em alguma faculdade pública pra ir embora que acabei não entrando em nenhuma, queria muito fazer Jornalismo e naquele exato ano foi o curso mais procurado em todas as faculdades públicas.

Desiludida da faculdade arrumei um trabalho que era a minha cara, e me dei muito bem, nesse lugar aprendi a me vestir e me comportar como mulherão.

E por dentro me sentia assim , um furacão, capaz de qualquer coisa no mundo.

O tempo passou, desisti do jornalismo, desisti de ir embora, tive mais um monte de empregos.

Ontem me deu vontade de não ser mais um mulherão, de não me preocupar em ter que ganhar muito dinheiro daqui pra frente.

Ontem me deu vontade de ser uma camponesa que colhe maçãs no pomar do quintal.

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